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No topo das paradas, Jads e Jadson resgatam moda de viola de Tião Carreiro

30 de Setembro de 2014

Fugindo da moda de músicas de balada, Jads e Jadson trazem a uma época de misturas e transição do sertanejo o resgate das modas de viola de Tião Carreiro, Trio Parada Dura e outros artistas da "velha guarda". Com o hit "Jeito Carinhoso" entre as mais tocadas no país no último ano e "Colo", a segunda mais executada nesta segunda-feira (29) –de acordo com o ranking que monitora as principais rádios do país--, a dupla diz que "é contra o sucesso a qualquer custo e que visa o reconhecimento para fazer história no mundo da música".



Avessos à exposição midiática em excesso, Jads e Jadson contaram ao UOL que, desde 2003, começaram a sua carreira no Paraná na contramão do que era comercial no ritmo. Segundo eles, "a paciência foi a alma do negócio" para conquistarem um espaço na vertente que parecia estar esquecida no Brasil: o sertanejo de raiz.



"São 11 anos de carreira e ficamos ali na arquibancada sentados, vendo as coisas passarem. Artistas passando momentaneamente. Do mesmo jeito que apareciam, já sumiam também. Vimos artistas renomados tentando entrar na onda [do sertanejo universitário], achando que era necessário, mas nós nunca nos preocupamos com isso. Sabíamos que uma hora ia chegar", explicou Jads, que conta que já tinha um público consolidado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, antes mesmo de ser conhecido pelo Brasil.



O tom de voz grave de Jadson é a marca da dupla. A viola misturada com um toque de guitarra traz uma atualização no que Tião Carreiro fazia de 1960 até o início dos anos 1990. Jads e Jadson acreditam que essas opções fizeram com que criassem "um estilo próprio" e se destacassem "aos ouvidos mais apurados".



"Você liga o rádio e vai saber que uma determinada música é nossa. E esse é o nosso ponto positivo. Estamos nos tornando referência no sertanejo", acredita Jadson, que contou ainda que ele e seu irmão cantam desde criança. "A nossa lição de casa era tocar uma moda. Se não aprendêssemos, entrávamos na cinta", resumiu.  



Quando crianças, eles também ouviam Milionário e José Rico. Agora adultos, querem seguir os passos da dupla, que pouco se expõem na mídia e contam com um estilo sem grandes variações desde quando estouraram nos anos 1970. Jads, de 40 anos, e Jadson, 36, seguem isso a risca, com mais de cinco CDs e DVDs gravados desde o início da carreira e mais de dois milhões de fãs no Facebook.



"Somos contra tudo que é enfiado goela abaixo. Às vezes, você grava um 'trem' que aposta tudo, mas não é o que o mercado está querendo. E, às vezes, por você ser fulano, toca tanto que o público engole aquela canção e faz um sucesso fictício. Não queremos nada disso", disse Jads, que é contra o sertanejo de balada e critica a forma como a música virou negócio atualmente.



Jadson avalia que a arte musical foi deixada de lado em detrimento do ganho financeiro. Ele conta que a música da dupla "conseguiu alcançar nível nacional por conta do boca a boca, da internet e sem grandes injeções de capital".



"Está faltando gente que faça história e é isso que queremos fazer. Isso de faltar gente é por conta de informação que percorre com muita facilidade. Infelizmente, a reciclagem musical é muito ligeira. O foco em boa música foi perdido", lamentou ele.



Em tom crítico, Jads também questiona a forma como a música é explorada na televisão. De acordo com ele, não é a melhor maneira de se ver se um artista está em boa fase.



"Temos inúmeros exemplos de músicas estouradas que tocam na novela e ninguém nem lembra mais. Quem está bem, vemos cartazes de show espalhados por várias cidades onde tocamos. Tem um monte de artista que não sai do Faustão, mas não faz show, que é o que dá dinheiro. Venda de CD e DVD não existe mais", concluiu.



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